Ee blog terá, pelo menos duas vezes por semana, as minhas opiniões e comentários sobre desporto – sobretudo automobilismo – e sobre a vida nacional (portuguesa e brasileira) e internacional, com a experiência de 52 anos de jornalismo, 36 anos de promotor e 10 de piloto. Além de textos de convidados, e comentários de leitores.

segunda-feira, 26 de maio de 2014


Carta aberta a Ronaldo: “você foi covarde ou oportunista?”

Por Luis Augusto Simon, o “Menon”,  no seu blog no UOL .

Pelo brilhantismo do meu ex-colega do Jornal da Tarde, de S.Paulo, não posso deixar de transcrever na íntegra este texto, com a devida vénia, já que retrata muito bem a lamentável postura de tantos brasileiros e portugueses, e … de tantos outros, mesmo desportistas, que deveriam dar o exemplo à sociedade de seu país:

 

Caro Ronaldinho, Ronaldo ou Fenômeno.

Nem sei como te chamar. Através de sua carreira, os nomes foram mudando. Eu me lembro da primeira vez em que te entrevistei – foram poucas, muito menos do que eu desejaria – no vestiário do Palmeiras, após um jogo contra o Cruzeiro. Você disse que estava pronto para a Copa de 94. E foi convocado. O início de uma carreira que maravilhou o mundo.

Olha, acho melhor chamá-lo de Ronaldo Nazário de Lima, afinal o assunto não é apenas futebol.

Ronaldo, os seus dribles são eternos. Desde aquela série imensa em um jogo contra o Barcelona até aquele que não se completou, em um abril de 2000. Aquele que deixou o mundo triste, calado, sofrendo. Você voltava após cinco meses de paralisação por uma problema no joelho, voltou e, ali pela esquerda do ataque da Inter, gingou diante de Fernando Couto e rompeu novamente o tendão do joelho.

E o seu oportunismo? Não era como Romário, que ficava ali quietinho na área, esperando a bola chegar. Com seu tamanho, não dava para passar despercebido, mas, como o Baixinho, foram muitas alegrias vindas de puro oportunismo, de saber estar no lugar certo na hora certa.

Pois é, Ronaldo Nazário de Lima, drible e oportunismo são fundamentais na vida de um artilheiro. São desprezíveis na vida de um cidadão.

Falo isso por causa de sua declaração de que tem vergonha dos atrasos nas obras da Copa. Que elas passam uma imagem ruim lá fora. Aquele velho papo de quem deseja agradar os de fora.

Ora, Ronaldo, você estava lá, no dia em que o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa. Estava com Paulo Coelho, com Lula, com Aécio Neves e Eduardo Campos.

Você ao contrário deles, passou a ser membro do Comitê Organizador Local. Ronaldo, você é um dos responsáveis por tudo que envolve a Copa.

Ronaldo, você ganhou dinheiro com a Copa. Suas publicidades aumentaram. Você alugou sua casa para um figurão da Fifa, nem vou procurar no Google o nome dele, não interessa.

Ronaldo, que coisa feia!!!. Depois de ser o responsável, depois de faturar dinheiro, você estica o dedo e diz que “sente vergonha”.

Ah, quer dizer que você não é responsável por nada? Nadica de nada? O que está errado é culpa dos outros? Trabalhou com o governo, diz que está tudo errado e apoia Aécio Neves na eleição. Drible e oportunismo.

Ronaldo, eu não deveria me surpreender com suas idas e vindas.

Em 2009, você disse que não gostaria de ser relacionar com Ricardo Teixeira, uma pessoa de “duplo caráter”. Em 2012, disse que “ele é meu amigo e estou com ele no que precisar”, antes de Ricardo Teixeira ser obrigado a renunciar à CBF.

Você jogou no Barça e Real, na Inter e no Milan, se recuperou no Flamengo e assinou com o Corinthians.

Aliás, Ronaldo, você pensou que ao dizer que “os atrasos te dão vergonha” poderia atingir Andrés Sanchez, que foi seu parceiro na recuperação do Corinthians?

Ronaldo, no caso de Aécio vencer, você terá muitas chances de ser o Ministro dos Esportes. Mas, saiba que o Aécio estará de olho em você. Ele é neto de Tancredo, uma das grandes raposas da política brasileira. Como o avô, ele é desconfiado. Sabe que os que traem uma vez, traem sempre.

É questão de índole. De caráter. Ou, da falta de ambos.

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